O mercado globalizado, altamente competitivo e dinâmico, demanda a tomada rápida de decisão de quem atua no ambiente corporativo. O foco na produtividade e a adoção de boas estratégias é imprescindível ao sucesso de todo e qualquer empreendimento. Mas como administrar uma empresa familiar dentro desse contexto?
As organizações da categoria representam 90% das empresas no Brasil e respondem por 65% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Aqui em Mato Grosso do Sul, 80% das empresas do estado são de origem familiar — incentivando, inclusive, congressos voltados só para o assunto em Campo Grande. Assim, além das peculiaridades de tal negócio, ele é altamente expressivo à economia, evidência de sua importância perante toda a sociedade.
Que tal saber um pouco mais sobre como administrar uma empresa familiar? Siga na leitura e confira 5 dicas que a Uniderp preparou para que você tenha sucesso na empreitada:
- tenha controle financeiro;
- defina regras claras para todos;
- não se deixe levar pelo emocional;
- tenha papéis e funções claras;
- faça um planejamento sucessório.
1. Tenha controle financeiro
O controle de ativos e passivos e de entradas e saídas é indispensável a qualquer organização. Você pode até não ter amplo domínio do assunto, mas certifique-se de contratar especialistas no tema, como alguém formado em Administração ou Ciências Contábeis, para conduzirem esse importante departamento. Confira algumas medidas importantes quando o assunto é a saúde financeira no ramo corporativo:
- fazer o fluxo de caixa;
- estipular orçamento para setores e projetos;
- conhecer todos os custos, despesas e receitas;
- manter a escrituração contábil em dia;
- cumprir as obrigações tributárias;
- guardar os comprovantes de pagamento durante o período legalmente estabelecido.
Administrar uma empresa familiar fica especialmente difícil quando há confusão entre o patrimônio dos parentes e o da organização. Não misture contas pessoais com as da empresa! Uma medida efetiva a fim de separar o joio do trigo é estabelecer o pró-labore (espécie de salário) para cada membro da família envolvido no negócio.
Assim, é mais fácil assegurar que o lucro será revertido em benefício do empreendimento. Como dinheiro é um assunto delicado, talvez valha a pena contratar um terceiro para lidar com as finanças, forma de garantir a imparcialidade na administração patrimonial.
2. Defina regras claras para todos
Não é porque o empreendimento é familiar que os parentes podem trabalhar quando e como quiserem. Defina horários, concessão de férias e justificação de ausência sem dar privilégios. Afinal, o exemplo de comprometimento com o negócio começa pela própria família.
Vale lembrar: o código de ética e o regimento interno precisam ser seguidos por toda a equipe indistintamente, como garantia de ordem dentro da empresa e de cumprimento às regras de compliance. Além do mais, eles reafirmam a governança corporativa sustentando a visão, a missão e os valores da organização.
Lembre-se, por exemplo, da Odebrecht, eleita em 2010 a melhor empresa familiar do mundo, que teve sua fama negativamente propagada ao estampar manchetes de jornais nacionais e estrangeiros por causa das investigações da Lava Jato. O neto do fundador, na qualidade de presidente da companhia, foi indiciado e condenado por corrupção.
Ainda falando sobre a definição de regras claras para todos, invista no acordo de sócios, contrato pelo qual são regidas questões como: quem pode trabalhar no empreendimento, distribuição de lucros, quóruns de deliberações, preferência e transferência entre as cotas.
3. Não se deixe levar pelo emocional
É comum os parentes terem preferências e graus de afinidade diferentes entre si. Além do mais, conflitos e divergência de ideias acontecem dentro e fora do ambiente de trabalho, mas as esferas não podem ser confundidas.
A separação precisa ser muito bem feita, pois os assuntos organizacionais reverberam interna e externamente, por vezes, prejudicando até o posicionamento da marca no mercado.
Neste contexto de não se deixar levar pelo emocional, também é necessária a preocupação com a visão dos demais colaboradores sobre a família no comando dos negócios familiares. Rixas entre os parentes podem dividir a equipe ou causar insatisfação, fator diretamente atrelado à produtividade dos trabalhadores.
Entenda seu papel dentro da família e o dissocie do profissional que você é ou deseja ser. Não perdoe condutas inadequadas de pais, tios, irmãos, sobrinhos ou primos que trabalham na empresa e aja racionalmente ao lhes dar uma promoção, por exemplo. Pense sempre no que é melhor para a organização ao administrar uma empresa familiar.
4. Tenha papéis e funções claras
Os gestores comprometem toda a operação quando cargos e atribuições não são bem definidos. Competências cruzadas tendem a atrasar o trabalho, gerar queda de produtividade e criar conflitos desnecessários, facilmente evitados se as atividades de um profissional não convergissem com as do outro.
Administrar empresa familiar é especialmente sensível neste tópico, pois a definição de papéis e funções claras nem sempre segue a hierarquia familiar. Então, talvez haja um tio na gerência submetido à diretoria do sobrinho ou seu pai esteja conduzindo certo departamento, enquanto você responde na qualidade de CEO, por exemplo.
Também é comum os membros fundadores do negócio não se desligarem de vez da organização: a aposentadoria do avô presidente pode acarretar em seu ingresso no conselho administrativo. Isso significa que ele opinará sobre decisões importantes a serem tomadas pelos dirigentes, mas lembre-se: não é mais ele o condutor do navio.
Por isso, estruture bem o organograma ao administrar empresas familiares, deixe clara a relação entre os cargos e descreva minuciosamente as principais atribuições das posições estratégicas, tais como gerências e diretorias. Assim, é mais fácil ter pulso firme para fazer valer o que está escrito.
5. Faça um planejamento sucessório
Empreender é pensar a curto, médio e longo prazo. O foco na boa condução e longevidade do negócio requer um processo muito bem elaborado para o sucessor assumir um cargo de dirigente — e ele nem precisa ser necessariamente da família.
Quando chega a hora do fundador se aposentar, por exemplo, a transmissão de poder a quem o substituirá não deve acontecer de forma brusca. A mudança repentina tende a criar instabilidade, cisões na empresa, alterar abruptamente o posicionamento da marca e causar confusão tanto entre a equipe quanto perante o mercado.
Não é só um cargo a ser transferido, mas a condução de projetos, negociações e operações que não podem parar. Por isso, é imprescindível investir na sucessão familiar ao administrar uma empresa familiar. Trata-se de uma forma de desligar gradualmente o antigo rosto do negócio e preparar o substituto para o posto.
Assim há garantia, inclusive, de que a governança corporativa continuará forte, os trabalhadores não se sentirão ameaçados ou desamparados, e os parceiros comerciais se habituarão com o estilo do novo condutor.
Administrar uma empresa familiar é trabalhoso e gratificante como a gestão de qualquer outro negócio. As peculiaridades do caso apenas demandam um pouco mais de jogo de cintura para não haver confusão entre o âmbito pessoal e o profissional.
Se você se interessa pelo assunto de empreendedorismo e âmbito familiar, que tal conferir outras dicas de como trabalhar em família em nosso post?