Fibrinogênio no Trauma Hemorrágico: uso e impacto

equipe médica em cirurgia

Traumas hemorrágicos estão entre as principais causas de morte evitáveis no atendimento de emergência. Eles envolvem perdas intensas de sangue, geralmente associadas a acidentes automobilísticos, quedas de grande altura, ferimentos por arma de fogo ou objetos perfurantes. Em situações assim, cada segundo conta, a atuação médica precisa ser rápida, precisa e eficaz.

Nesse contexto, uma proteína presente no próprio corpo humano tem ganhado destaque na medicina de emergência: o fibrinogênio. Seu papel na formação de coágulos é vital para conter o sangramento, e sua suplementação exógena tem se mostrado uma ferramenta eficaz no tratamento de traumas graves com hemorragia.

Vamos explorar detalhadamente como o fibrinogênio é usado no trauma hemorrágico, com embasamento científico e aplicação prática. Ideal para estudantes e profissionais em formação, o conteúdo a seguir vai te ajudar a entender por que essa proteína é considerada um verdadeiro aliado na hora de salvar vidas.

Fibrinogênio: O alicerce da coagulação

O fibrinogênio é uma glicoproteína produzida pelo fígado e liberada na corrente sanguínea. Em um corpo saudável, ele é ativado em situações de sangramento, convertendo a trombina em fibrina – que forma uma rede de filamentos que, junto com as plaquetas, gera o coágulo. É como se o organismo criasse um “tampão biológico” para impedir a perda de sangue.

Em números, o valor normal de fibrinogênio no plasma varia entre 200 e 400 mg/dL. Em pacientes com trauma hemorrágico, esse valor pode cair rapidamente para menos de 150 mg/dL, o que compromete a capacidade do corpo de estancar o sangramento. Sem fibrinogênio suficiente, o corpo não consegue formar coágulos eficazes, o que leva a sangramentos prolongados, instabilidade hemodinâmica e até morte.

Entendendo o trauma hemorrágico

Um trauma hemorrágico ocorre quando há perda significativa de sangue em consequência de uma lesão. Isso pode comprometer a perfusão dos tecidos, causar falência múltipla de órgãos e, se não tratado adequadamente, levar à morte. As principais causas incluem:

  • Acidentes de trânsito;
  • Quedas;
  • Ferimentos penetrantes (facas, armas de fogo);
  • Cirurgias de emergência mal controladas;
  • Fraturas pélvicas ou múltiplas.

O trauma hemorrágico gera uma resposta sistêmica no organismo, alterando a temperatura corporal, o pH sanguíneo e a função de diversos órgãos. Em casos graves, ocorre a coagulopatia induzida por trauma, um estado em que o sistema de coagulação falha. É nesse momento que a suplementação de fibrinogênio se torna uma das medidas mais importantes e precoces.

Por que o fibrinogênio é o primeiro fator coagulante a cair?

Estudos mostram que, durante um trauma hemorrágico, o fibrinogênio é o primeiro fator de coagulação a atingir níveis críticos. Isso ocorre devido à combinação de:

Tour Virtual de Medicina Uniderp Campo Grande
  • Perda sanguínea direta (hemorragia);
  • Diluição dos fatores durante a reposição com soro e cristalóides;
  • Hipotermia (baixa temperatura corporal);
  • Acidose (pH sanguíneo alterado).

Segundo a publicação da European Trauma Guidelines, pacientes que chegam ao pronto-socorro com trauma grave geralmente apresentam fibrinogênio abaixo de 1,5 g/L e esse nível está associado a piores desfechos clínicos.

médico e estudantes aplicando tratamento em paciente
Em um trauma hemorrágico, é preciso avaliar os níveis de fibrinogênio

Como o fibrinogênio é usado no trauma hemorrágico?

O uso do fibrinogênio no trauma hemorrágico segue protocolos clínicos baseados em evidências. A suplementação pode ser feita de duas maneiras principais:

  1. Concentrado de fibrinogênio humano (Cryo ou Fibrinogênio liofilizado): fornece rapidamente a proteína em alta concentração.
  2. Plasma fresco congelado: contém fibrinogênio, mas em menor concentração. É menos eficaz para aumento rápido dos níveis.

Quando indicar a reposição:

  • Fibrinogênio < 1,5-2,0 g/L em contexto de hemorragia;
  • Hemorragia ativa e coagulopatia identificada por tromboelastografia (TEG) ou ROTEM;
  • Uso de protocolo de transfusão maciça.

Benefícios da administração precoce:

  • Redução da mortalidade;
  • Diminuição da necessidade de transfusões de sangue;
  • Melhor controle hemostático;
  • Redução do tempo de internação em UTI.

Aplicação do fibrinogênio no trauma hemorrágico na prática clínica: Passo a passo

A seguir, o fluxo clínico de uso do fibrinogênio no trauma hemorrágico:

  1. Avaliação inicial e controle da via aérea e respiração;
  2. Monitoramento dos sinais vitais e avaliação do sangramento;
  3. Coleta de exames laboratoriais (fibrinogênio, hemograma, gasometria);
  4. Avaliação com tromboelastometria (ROTEM ou TEG);
  5. Administração de fibrinogênio se houver queda abaixo de 1,5 g/L ou falha na formação do coágulo;
  6. Reavaliação da resposta clínica e laboratorial.

A tromboelastometria é um exame que permite avaliar, em tempo real, a capacidade do sangue de coagular. Ela indica com precisão se há necessidade de reposição de fibrinogênio ou outros fatores.

Quem atua na decisão e administração do fibrinogênio?

Em cenários de trauma hemorrágico, vários profissionais da saúde trabalham em conjunto:

Tudo isso acontece, muitas vezes, em unidades de trauma, UTIs e centros cirúrgicos, onde a estrutura e agilidade da equipe fazem toda a diferença.

Evidências científicas que justificam o uso

Vários estudos clínicos reforçam o uso do fibrinogênio no trauma hemorrágico, entre eles nós podemos encontrar:

  • CRYOSTAT-1 Trial (2016): demonstrou que a administração precoce de crioprecipitado com fibrinogênio melhorou a estabilidade hemodinâmica de pacientes com trauma grave;
  • FIBTEM-guided therapy (2018): o uso de ROTEM para guiar administração de fibrinogênio resultou em menor mortalidade e menor tempo de internação.

No Brasil, o uso do fibrinogênio tem ganhado espaço em hospitais universitários, grandes centros de trauma e serviços de emergência. A implementação de protocolos com tromboelastometria ainda é restrita, mas vem crescendo com a capacitação de profissionais e investimentos em tecnologia hospitalar.

Na Uniderp, os cursos da área da saúde oferecem disciplinas e simulações voltadas para o atendimento emergencial, inclusive com base em protocolos atuais como os de trauma hemorrágico. Essa vivência prepara os alunos para aplicar conhecimentos como este desde o início da carreira.

Contraindicações e cuidados com a suplementação

Apesar de ser uma ferramenta poderosa, o uso do fibrinogênio deve ser bem indicado e monitorado. Doses excessivas ou fora de contexto podem levar a riscos como:

  • Trombose venosa profunda;
  • Embolia pulmonar;
  • Hiperviscosidade sanguínea.

Por isso, a conduta deve ser sempre respaldada por exames e individualizada para cada paciente.

Médica analisando raio-x de pulmões
O uso de fibrinogênio deve ser controlado, pois pode levar à embolia pulmonar

O fibrinogênio salva vidas no trauma hemorrágico

A atuação do fibrinogênio no trauma hemorrágico é um exemplo de como o conhecimento científico pode ser aplicado diretamente para salvar vidas. Quando administrado de forma precoce e orientada por evidências, ele se torna uma peça fundamental no controle de sangramentos graves, contribuindo para estabilizar o paciente, evitar complicações e permitir intervenções cirúrgicas seguras.

Para quem está começando na área da saúde, entender esse processo é dar os primeiros passos rumo à prática clínica de excelência. Aprender a identificar quando usar, como administrar e o impacto desse recurso é parte do compromisso ético de cuidar com segurança e responsabilidade.

Próximos passos para sua carreira na saúde

Se você chegou até aqui, parabéns! Isso mostra seu interesse genuíno por temas relevantes e desafiadores da medicina e da saúde. Entender o uso do fibrinogênio em traumas hemorrágicos é um diferencial, e dominá-lo pode te colocar à frente em estágios, processos seletivos e na própria segurança no atendimento.

Para aprofundar ainda mais esse tipo de conhecimento, a Uniderp oferece cursos com foco prático, disponibilizando materiais digitais e simuladores clínicos. Você ainda pode explorar o blog da Uniderp, onde encontrará conteúdos atualizados sobre temas como emergências médicas, terapias intensivas e fisiopatologia aplicada. Dê o próximo passo agora mesmo: leia o ebook “Plano de Estudos Para Medicina” e descubra o método ideal para você, além de acessar também os melhores cursos na área da saúde!

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Quer receber mais conteúdos como esse gratuitamente?

Cadastre-se para receber os nossos conteúdos por e-mail.

Email registrado com sucesso
Opa! E-mail inválido, verifique se o e-mail está correto.
Artigos relacionados